quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

2013 - O Ano da Montanha Russa

Mais um ano que chega ao fim!

Com a certeza de ter perdido a minha oportunidade para ir para o Congo e com o projecto do Seixal terminado por uma decisão palaciana - Da qual também tive responsabilidade. Tivesse ouvido os conselhos para terminar com determinadas situações mais cedo, e as coisas poderiam ter sido diferentes - pouco mais tinha que me prendesse a uma rutina que me estava lentamente a asfixiar.

Foi assim que comecei o ano de 2013 noutro país. Para fazer sabe-se lá o quê! Cheguei a Inglaterra, a um país que só tinha estado de passagem, do qual conhecia pouco e que desde a secundária pouco ou nada mais me tinha interessado. Como suporte… Um irmão, uma cunhada e três sobrinhos. Ah! E um maluco que se mandou de cabeça atrás do seu sonho.

Deixei atrás alguns bons amigos, pessoas de quem gosto sinceramente, colegas dos quais tenho muitas saudades e também, tristemente, algumas profundas desilusões familiares.

No entanto não esperava que me viesse a sentir numa montanha russa. Talvez seja esta a melhor analogia para este período da minha vida. Uma montanha russa….

Chegava de Portugal com um excelente currículo e alguns projectos de sucesso “no bolso”, aqui tudo isso valia zero. Tinha de começar tudo de novo. Levou algum tempo até recomeçar a trabalhar, mas quando fui contratado passei a receber o salario mais alto que tive até hoje na minha vida.

Quando começava a estabilizar economicamente, deparo-me com uma senhoria “doente” que me chegou a propor facilidades na renda a troco de favores de outro tipo, o que me fez procurar uma casa nova com caracter de urgência, tendo para isso de usar de muita imaginação e engenharia financeira para começar do absoluto zero. E se esta situação me deixava um pouco ansioso com o futuro, recebo a notícia que apenas depois de três meses passava a efectivo.

E o meu futebol? De pouco ou nada valia também tudo o que tinha feito até agora. O Futebol de Rua aqui é mais imagem que realidade. Poucas, muito poucas oportunidades tem a maioria das pessoas, que necessitam, de chegar aos benefícios deste desporto e desta iniciativa. Gira tudo a volta de uma pequena elite que se preocupa mais com a imagem que com a expansão do projecto. Um pouco a semelhança do que se passa com o Futebol de Rua no meu Distrito de Setúbal, que desde á dois anos não tem alcance real á população e se vê refém dos humores de uma só pessoa.

E se não via oportunidades neste meio, subitamente recebo o convite para começar um projecto de Futsal. O primeiro numa região de perto de 300.000 habitantes. Ah Claro! O meu primeiro desafio? Preparar e levar uma equipa a Portugal para fazer um tour de Futsal.

Assim tem sido este ano, uma autêntica montanha russa… Mas algo é permanente! Não há dia que não pense no Congo. Não há dia que não sinta um nó no estomago! Era lá que eu queria estar, era esse tipo de vida que escolhi para mim. 

No meio desta constante angustia, mais uma vez a montanha russa voltou a fazer das suas. Recebi um convite para rumar para outros destinos. Desta vez em Cebu numa ilha das Filipinas. Para fazer o quê? Trabalhar com famílias que vivem nas lixeiras e nos cemitérios da cidade…

Sempre fui fiel e cumpri os meus compromissos. Vou voltar a faze-lo!

Também não sei o que me trará 2014, mas sei sim que tenho de ser fiel ao que sinto e fazer aquilo a que me sinto chamado a fazer...

Neste ano também tive a oportunidade de sentir o apoio de algumas pessoas, que por actos, por acções ou ás vezes por simples palavras me fizeram sentir que estava sempre acompanhado e me ajudaram a suportar tantos altos e baixos.

Não entro em detalhes mas, Susana Pereira, Bruno Filipe, o mano Mário Codinha, Bruno Vicente, Luísa Ivone, Gonçalo Santos, Sílvia Relíquias são pessoas que me apoiaram nos momentos menos bons, e a quem vou ter sempre no coração.

Se isto não bastasse, houve algo que me alegrou este ano. Nos últimos meses foram aparecendo no Facebook, muitas das crianças com quem trabalhei no México. Hoje já são pais de família, profissionais e bons cidadãos que me dão um orgulho imenso.
Antes eram meninos de rua, hoje são polícias, motoristas, comerciantes, etc. E todos orgulhosos em mostrar os seus filhos ou falar das suas conquistas na vida. O que eles me dizem guardo só para mim, mas agora, e só agora no momento em que escrevo estas palavras, quase rebento de orgulho. Valeu a pena… cada minuto, cada segundo. Valeu a pena….

Basta de lamechices, daqui a um ano cá estarei para escrever mais um balanço! Quem sabe de onde, mas cá estarei….

Espero ter algum tempo para escrever algumas memórias. Algumas pessoas já me sugeriram que escrevesse acerca do Seixal Futsal (brevemente) e do meu trabalho em Portugal (veremos quando). Fica pois a promessa…


Bom Ano de 2014

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